Competição:Concurso Anexo da Biblioteca Nacional
Premio:
Projeto:
Autores:André Procópio e Aline D’Avola (Metamoorfose), Rio de Janeiro - RJ, 2014
Apresentamos a seguir o projeto do escritório Metamoorfose para o Anexo da Biblioteca Nacional, concurso promovido pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (CDURP), e organizado pelo Departamento Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ).
Dos arquitetos: Marcado por uma área em constante transformação, o entorno do Anexo da BN, se torna condicionante no desenvolvimento conceitual do projeto. De caráter urbanístico, a operação urbana Porto Maravilha é sem dúvida o mais impactante plano de requalificação. A mutação gerada por essa operação transforma a antiga estação de expurgo, sólida e fechada, com frente para o elevado da perimetral (eterno dilema estrutural urbano) em um prédio-quadra, com total visibilidade em todos os planos de fachada, bem servido de transporte público e com uma vizinhança qualificada.
Além das grandes transformações físicas, esse entorno abraça um momento de transformação cultural. A nova dinâmica econômica impulsionada pelos eventos que aconteceram ou acontecerão no Rio de Janeiro, expõe ainda mais essa questão. Os diversos equipamentos culturais que estão surgindo, como, a Cidade do Samba, o MAR, o Museu do Amanhã, entre outros e até mesmo a ocupação do antigo prédio da fábrica da Bhering no Santo Cristo, impulsiona culturalmente uma cidade e consequentemente seus usuários.
Em linhas gerais, os acontecimentos que marcam a situação atual de mutação desse entorno, vão, definir a conceitualização do projeto do anexo da Biblioteca Nacional.
O terreno
Cercado pela nova Via Binário, a nova rua Rivadavia Correa, a nova Avenida Rodrigues Alves e a nova praça que se prolongará em direção ao antigo cais do porto o “novo” terreno de formato irregular dividido nos blocos central, norte, leste e oeste, conduz através dos seus limites, acessos e imposições a implantação do projeto.
O acesso principal do público, se dará pelo bloco leste, em função da nova praça e do grande espaço público que ela soma a cidade, além da continuidade direcional ao mar. Ainda no bloco leste, teremos uma entrada ao sul destinada aos usuários da biblioteca pública e outra ao norte, destinada ao setor de eventos. Dessa forma, é possível que os dois programas funcionem ao mesmo tempo, sem interferências negativas.
O acesso de serviço, assim como o acesso ao estacionamento se dará pela rua Rivadavia Correa, através do bloco norte. O bloco norte surge como um anteparo que auxilia o bloco central que por sua vez liga o bloco leste e oeste.
O acesso aos funcionários que trabalham no complexo da biblioteca pública, se dará tanto pelo bloco leste, quanto oeste em função do setor de trabalho. Os funcionários diretamente ligados com o setor de serviço, utilizarão o acesso de serviço descrito no parágrafo acima.
Os três acessos localizados no bloco leste, oeste e norte, foram pensados em função da mobilidade, dos fluxos de pessoas e os diferentes meios de transportes que podemos acessar o terreno.
O edifício do anexo da biblioteca nacional
O conceito do edifício anexo da BN retrata um pouco de cada tema abordado para o desenvolvimento do projeto. As relações culturais e artística pré-existentes com o entorno; o contraste com uma arquitetura rígida e fechada; as diferentes vistas do terreno e para o terreno; as transformações ligadas a era digital; e os acessos e funções que um organograma funcional nos levou.
A qualidade do espaço físico adequado as diferentes funções, foi o que orientou o conceito volumétrico, tornando assim, cada espaço seja de permanência ou de passagem, único e especial. As aberturas controladas de luz, através das chapas perfuradas, hora mais intensa, hora menos intensa em função da necessidade, agregam valores na qualidade desse espaço.
Os grafites propostos na fachada do bloco central existente, agora com suas aberturas fechadas, respeitam a identidade do lugar e incentivam pré-existências de uma forma natural e acessível a todos podendo conectar a região com a arte urbana atual.
A locação das caixas de circulação vertical alinhadas as do bloco central possibilitam uma circulação interna de serviço e emergência direcional no pavimento térreo, e nos superiores, o pequeno afastamento do bloco central, cria corredores de serviço, sempre iguais, que interligam verticalmente as funções de serviço assim como a possibilidade de acesso aos armazéns.
A escolha por um edifício garagem foi adotada em função da locação da via de serviço (alinhada ao meio fio no passeio da rua Rivadavia, definida pelo plano do Porto Maravilha), da dificuldade de um acesso subterrâneo (incluindo rampas de acesso, número de vagas possíveis, área existente sob o bloco oeste, proximidade do lençol freático, não recomendação de passagem subterrânea pelo bloco central), da preferência por uma entrada e uma saída de veículos, da possibilidade de acesso de carga e descarga ligado na circulação de serviço e do número de vagas recomendados. As vantagens desse estacionamento vertical proposto vão desde a construção até a aplicação no dia-a-dia. A garagem subterrânea pode ser até 30% mais cara, pois inclui custos de escavação e obras de contenção. Evitando tais operações, diminui-se a produção de entulho e não há o risco de interferir nas barreiras de água do subsolo, medidas que contribuem com a preservação do meio ambiente. Os usuários não têm acesso ao interior, onde os carros são guardados, já que os veículos são direcionados para as vagas por meio de equipamentos totalmente robotizados, facilitando a segurança do conjunto. A sua volumetria totalmente modular e de estrutura pré-moldada, possibilita que o estacionamento vertical possa ser ampliado futuramente caso seja uma demanda.
Em 1910 quando construída a nova sede da Biblioteca Nacional, ali seria criado um novo centro para a preservação e divulgação da cultura. Um marco arquitetônico voltado para a cidade e com inovações tecnológicas que correspondiam ao seu contexto histórico. Um projeto que procurava se destacar, atrair e demostrar sua importância, tanto cultural como arquitetônica. Hoje, em tempos atuais, a arquitetura percorre o mesmo processo da preservação e atualização dos seus meios. Baseando-se nesse contexto, o projeto procura atrair os usuários e servir de marco arquitetônico e cultural para a região, comtemplando sua contemporaneidade e sua relação direta com o meio construído.